Área mais bem conservada do Pampa, região das guaritas, na Serra do Sudeste, vem sendo alvo de interesse de grandes mineradoras, abrindo debate sobre qual melhor modelo de desenvolvimento para o esse território.
Há cerca de 20 anos, quase ninguém dava muita atenção ao Pampa gaúcho, apesar dessa região ocupar 63% do território do Rio Grande do Sul. Essa situação começou a mudar em 2004, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) delimitou os seis biomas brasileiros. De lá para cá, a região passou a frequentar mais o vocabulário da população, mas também passou a ser objeto da pressão de atividades econômicas como a agricultura tradicional, especialmente a cultura da soja, a silvicultura e, mais recentemente, a mineração. Hoje, em termos relativos, o Pampa é o segundo bioma mais degradado do Brasil. “Se somarmos os efeitos do avanço da agricultura e os da silvicultura, a preocupação é muito grande. Não é alarmismo”, diz o biólogo Eduardo Vélez, em entrevista ao Sul21. Doutor em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Vélez aponta como essas ameaças se materializam na região:
“Se andarmos em uma fazenda, não importa se pequena ou grande, onde há pecuária em campo nativo, a gente vê que tem perdiz, gaviões, tatu e uma série de animais que só estão ali por causa da presença da vegetação nativa. Você não encontrará essa biodiversidade em uma área de silvicultura ou soja”. Assinala. Para o biólogo, quem defende uma perspectiva ambientalmente correta para o Pampa entende que, ao invés de ficar investindo na agricultura tradicional e na silvicultura, nestas áreas de campo nativo, se deveria qualificar a pecuária em campo nativo e investir em uma área que tem um potencial ainda inexplorado: o turismo ecológico e histórico. Esse debate sobre qual o modelo de desenvolvimento mais apropriado para o bioma está sendo travado agora na região mais bem conservada do Pampa gaúcho, a Serra do Sudeste, alvo de vários projetos de mineração.